domingo, 19 de outubro de 2008

Desvario VI

Foi com gaudio que o país assistiu à distribuição do Computador Magalhaes. Entre alegadas polémicas relacionadas com a empresa produtora e uma operação do melhor marketing político que se faz, vimos as crianças lusas com aqueles simpaticos objectos azuis.


Sinceramente não sendo adepto das demagogias e da crítica pela crítica, não vou referir que havia outras prioridades, até porque de facto concordo com a medida tomada.


Mas Magalhaes à parte, esta profusão de Informática pelo nosso Portugal remete-me para o funcionamento do nosso Sistema de Saúde onde este vendaval de modernidade ainda não chegou. Pena.

Não consigo compreender como é que um Sistema de Saúde pode funcionar sem qualquer tipo de controlo.

Não será legítimo por parte do Estado saber que medicamentos ou exames de complementares me comparticipou? Naturalmente sim, porque pagou e porque é sua missão manter um sistema que é comum a todos os cidadãos a funcionar correctamente, para bem de todos.

Colocar esta questão sob um prisma de privacidade é uma apologia à preguiça e inepcia.

Ninguém sabe o que paga, a quem paga como paga. No nosso país o Sistema Nacional de Saúde funciona à base de cheques em branco. Ou seja 6,5 % do nosso PIB é uma espécie de "Economia Paralela".

Todas as razões que defendam um tratamento não informático do SNS, vão pelo caminho da demagogia e patetice. Por isso não vêm para aqui chamadas. Hoje temos as nossas crianças que vivem em locais inospitos ligadas à internet.

Não me peçam por ir pelo caminho da crítica à classe médica que não vou por aí, até porque a questão tem um espectro bem mais alargado.

Vou sim pelo caminho de um Sistema de Saúde que seja, dentro de todas as adversidades, minimamente sustentável. Se em condições de rigor é uma tarefa herculiana, da forma como se apresenta é, no mínimo, obscura.

Se hoje temos casos de burla, o Estado tem moralmente a sua quota parte de responsabilidades na medida em que não cria um sistema que permita um mínimo de controlo. Só uma pessoa desmasiadamente pouco inteligente é que é apanhada. As outras, não são nem podem ser apanhadas!

Mais, este sistema de cheques em branco permite e premeia determinadas cavalidades que ainda vão existindo na nossa Sociedade. Basta um impresso de uma receita e uma vinheta para uma abortadeira comprar Cytotec ou um Toxicodependente comprar Serenal.

Num país onde se roubam passaportes em branco, não há de ser dificil apanhar um bloco de 100 receitas com mais umas tantas vinhetas. O criminoso pode assinar no local do médico Luis Figo ou Papa Bento XVI que não é impeditivo que a receita seja aviada.

Portugal, Portugal... De que é que estás à espera...


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